Mesmo sem o voto
computado oficialmente, Mello já sinalizou nas últimas duas sessões que
deverá acompanhar o entendimento de Barbosa. Para o relator, a perda do
mandato deve ser decretada judicialmente pelo STF, e ao Congresso
Nacional cabe apenas ratificar a determinação.
A
Corte analisa a situação dos deputados federais João Paulo Cunha
(PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT).
Recentemente, o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia, disse
que o STF não poderia interferir na questão política do mandato, e que
caso isso ocorresse, a Casa iria estudar qual decisão tomar.
A
questão é polêmica porque a Constituição Federal tem dois comandos
sobre o assunto. O primeiro diz que a condenação em ação criminal é
hipótese para suspensão de direitos políticos. O segundo abre exceção no
caso de parlamentares, atestando que somente as respectivas Casas
Legislativas podem decretar a perda de mandato após processo interno
específico.
A discussão começou no STF na
última quinta-feira (6), com os votos de Joaquim Barbosa, e do revisor
da ação penal, ministro Ricardo Lewandowski. Eles apresentaram votos
opostos: enquanto Barbosa defende a perda de mandato imediata por
condenação criminal, Lewandowski argumentou que a intervenção política
não cabe ao STF.
Até agora, votaram com Barbosa
os ministros Luiz Fux, Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello. Para o
grupo, não é possível que um réu preso possa exercer mandato parlamentar
normalmente. Também foi lançado o argumento de que a decisão do STF tem
eficácia imediata e não pode ser submetida à análise política do
Legislativo.
Já
Lewandowski foi seguido pelos ministros Rosa Weber, Antonio Dias
Toffoli e Cármen Lúcia. Para eles, o mandato foi concedido ao
parlamentar pelo povo, e que somente os representantes eleitos por ele
podem tomá-lo. Também dizem que não defendem a impunidade, mas apenas
que é o Congresso Nacional quem deve dar a palavra final sobre o
assunto.
Em relação a João Paulo Cunha, o
placar pela perda de mandato ainda ganhou a adesão do ministro Cezar
Peluso. Ele se aposentou no final de agosto ao completar 70 anos e
deixou o voto por escrito somente para o parlamentar, pois não teve
tempo de julgar os outros dois na mesma situação. O sentido do voto foi
colocado em dúvida por Lewandowski, para quem não está claro que a
adesão é imediata à corrente de Barbosa.
TRIBUNA DO NORTE.
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