Oposição pede que PGR investigue novas denúncias de Marcos Valério. (Foto: George Gianni/Divulgação)
Reportagem publicada na edição desta terça (11) do jornal “O Estado de S. Paulo” revelou detalhes do depoimento do operador do esquema do mensalão. Na conversa de três horas e meia com os procuradores da República, Valério afirmou que teria pago despesas pessoais do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que teria sido ameaçado de morte.
Condenado a mais de 40 anos de prisão, Valério disse ainda que o ex-presidente deu o "ok" para os empréstimos dos bancos Rural e BMG para o PT com a finalidade de viabilizar o mensalão (pagamento a parlamentares para aprovar projetos de interesse do governo).
O pedido de investigação protocolado nesta quarta (12) toma como base o conteúdo do depoimento, revelado pelo "Estado de S. Paulo". Compareceram à sede do Ministério Público em Brasília os senadores Agripino Maia (DEM-RN), Álvaro Dias (PSDB-PR), Carlos Sampaio (PSDB-SP) e Vanderlei Macris (PSDB-SP).
Os parlamentares oposicionistas cobram a apuração da suposta participação de Lula com o esquema de compra de votos parlamentares em troca de apoio político no Congresso. No documento protocolado nesta tarde, os deputados e senadores de DEM, PPS e PSDB enfatizam que o principal ponto a ser esclarecido pelo MP é o suposto depósito feito por Valério na conta de um ex-assessor de Lula.
O operador do mensalão disse no depoimento, conforme o "Estado de S. Paulo", que ele teria repassado R$ 100 mil para despesas pessoais do ex-presidente, por meio da empresa Caso, de Freud Godoy, então assessor da Presidência da República.
A CPI dos Correios comprovou o recebimento de depósito de R$ 98,5 mil de Marcos Valério para a empresa Caso, segundo a reportagem do jornal. Ao investigar o mensalão, a CPI dos Correios detectou, em 2005, um pagamento feito pela SMPB, a agência de publicidade de Valério, à empresa de Godoy. O depósito foi feito, segundo dados do sigilo quebrado pela comissão, em 21 de janeiro de 2003.
O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PSDB-PR), afirmou nesta terça que vai protocolar convite para que Marcos Valério dê explicações na Casa sobre o recente depoimento.
“Vamos criar o fato político no Congresso. Ouvir Marcos Valério é propor transparência, é colocar todo o fato à luz, para que a sociedade possa dele tomar conhecimento”, disse Álvaro Dias.
Nesta terça, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) classificou como “graves” as declarações de Marcos Valério e defendeu investigação pela Procuradoria-Geral da República.
“[São] graves, na direção daquilo que a imprensa já havia publicado. Cabe a meu ver a PGR analisar que procedimentos tomará em seguida, se há novos indícios que possam modificar sua posição”, disse.
Fonte: G1 Globo.com / notícias