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03 dezembro 2012

Décio Pignatari é enterrado em SP

Poeta, que tinha Mal de Alzheimer, morreu no domingo.Viúva diz que, apesar da doença, ele não esqueceu referências literárias.




O poeta paulista Décio Pignatari, de 85 anos, foi enterrado no começo da tarde desta segunda-feira (3) em São Paulo no Cemitério do Morumbi, na Zona Sul de São Paulo. Pignatari morreu com  insuficiência respiratória no Hospital Universitário de São Paulo na manhã de domingo (2). Vítima do Mal de Alzheimer, o poeta sofria com perda de memória nos últimos anos. Entretanto, sua esposa Lilla Pignatari, de 80 anos, disse que ele ainda conversava sobre literatura e não perdeu suas referências artísticas.
Décio nasceu em Jundiaí, São Paulo, em 1927, e ficou conhecido, ao lado dos irmãos Augusto e Haroldo de Campos, como um dos nomes do movimento concretista, que realizou experimentos formais nas artes brasileiras a partir da década de 50. Ao longo de sua carreira, trabalhou como publicitário, ensaísta, teórico da comunicação, tradutor e dramaturgo, além de professor da Escola Superior de Desenho Industrial Esdi no Rio de Janeiro, da PUC-SP e da UnB.

De acordo com a família, ele apresentava sinais da doença há cerca de 5 anos, mas nos últimos meses o quadro se deteriorou. “No último ano, ele veio ladeira abaixo”, afirmou Lilla. Apesar da doença, Décio ainda conversava sobre literatura com o irmão Augusto, também poeta do movimento concretista. “A memória antiga e a parte de literatura permaneceu até o fim. Você podia perguntar o que você quisesse que ele respondia. Incrível a memória dele para isso. Ele também lembrava os nomes de atores de filmes antigos e de artistas”, contou a viúva.

Décio Pignatari foi enterrado no Cemitério do Morumbi, na Zona Sul de SP (Foto: Letícia Macedo / G1) 
Décio Pignatari foi enterrado no Cemitério do Morumbi, na Zona Sul de SP (Foto: Letícia Macedo / G1)

Lilla conta que ele não usava computador e costumava dar seus textos datilografados para ela ler. Ele tinha o “gênio forte” e era conhecido pelas “respostas contundentes”. “Ele gostava de brincadeiras, mas as respostas que dava eram sempre contundentes. Não tinha papas na língua, era muito sincero”, afirmou.
Lilla Pignatari (Foto: Letícia Macedo / G1) 
Lilla Pignatari (de preto) acompanha o
sepultamento (Foto: Letícia Macedo / G1)
Debilitado, o poeta foi internado na última sexta-feira, mas reconheceu a esposa até o último momento. “Até a última hora ele me reconheceu. Ainda anteontem, no hospital, eu falei: ‘Décio, Décio’. Ele abriu o olho, me viu e sorriu”, disse Lilla. “Ele era uma cabeça especial. Aparecem outras, sempre tem gênios, mas são raros.”

Além da viúva, ele deixou uma filha e dois filhos. Um deles está na Itália e não pode vir acompanhar o enterro. Momentos antes do enterro, a filha, Serena, lembrou que o pai não queria a presença de nenhum sacerdote. “Ele era muito polêmico como todo mundo sabe. A única coisa que ele gostaria de escutar nesse momento é uma música que ele gostava muito e que se chama ‘Peixe Vivo’ ”, disse a filha. Segundo ela, ele costuma cantar a canção em ocasiões festivas e importantes. “O professor Décio, sem o seu intelecto intacto, não poderia viver”, disse Serena.

Filha de Décio Pignatari faz homenagem ao pai  (Foto: Letícia Macedo / G1) 
Filha de Décio Pignatari faz homenagem ao pai
(Foto: Letícia Macedo / G1)
Legado
As primeiras poesias de Décio Pignatari foram publicadas na "Revista brasileira de poesia", em 1949. O livro de estreia, "Carrossel", saiu em 1950. Com os irmãos Campos publicou, em 1965, "Teoria da poesia concreta", livro considerado o responsável por consolidar o movimento concretista.

Além de poesia, Pignatari escreveu romance, peça de teatro e foi tradutor, professor e estudioso de semiótica, assunto de diversos de seus livros. Sua obra poética está reunida em 'Poesia pois é poesia' (1977)", descreve em seu site a editora Cosac Naify, que lançou em 2009 seu livro "Bili com limão verde na mão".

Entre as obras de maior relevância do poeta estão "Informação, linguagem, comunicação" (1968), "Contracomunicação" (1972), "Semiótica e literatura" (1974) e "O rosto da memória" (1988), que contém sua biografia. Como tradutor, Pignatari é responsável por obras de nomes como Dante Alighieri, Goethe, Shakespeare e Marshall McLuhan.
Fonte: G1 Globo.com