Sepultamento emocionou amigos e familiares nesta quarta-feira (26). Cortejo com filhos saiu da Igreja da Matriz até o cemitério da cidade.
Foi enterrado por volta das 11h (horário da Bahia), em Santo Amaro da Purificação, o corpo de Dona Canô, que
morreu aos
105 anos na manhã de terça-feira (25). Os amigos e familiares se
despediram da matriarca, mãe de Caetano e Bethânia, nesta quarta-feira
(26), no cemitério da cidade. O corpo de Dona Canô chegou em cortejo que
saiu da Igreja da Matriz após
missa de corpo presente.
Maria Bethânia seguiu ajudando a carregar o caixão da mãe, que foi coberto por uma bandeira de
Santo Amaro.
Além da família, estiveram presentes a cantora Margareth Menezes,
acompanhada do marido; o presidente da Rede Bahia, ACM Junior; e o
prefeito eleito de Salvador, ACM Neto (DEM).
A missa foi celebrada por Dom Giovani, bispo auxiliar de
Salvador,
e por monsenhor Valter Pinto, pároco da Igreja da Matriz. O Coral
Miguel Lima, do qual Dona Canô já fez parte em Santo Amaro,
apresentou-se durante a cerimônia.
A matriarca, de 105 anos, morreu na manhã de terça-feira, em casa, na
companhia dos filhos após passar a noite de Natal com eles. Caetano e
Bethânia acompanharam o velório da mãe, que
começou na residência da família
com acesso restrito aos mais próximos. Depois, outros amigos e
admiradores tiveram acesso à cerimônia realizada no Memorial Caetano
Veloso, na Praça da Purificação, no centro da cidade, onde o velório se
estendeu até a manhã desta quarta-feira.
O corpo de Dona Canô saiu da casa da família no final da tarde de
terça-feira em um cortejo até o Memorial marcado pela emoção e muitos
aplausos. Caetano de Bethânia não falaram com a imprensa sobre a morte
da mãe.
Isquemia cerebral
Dona Canô esteve internada por seis dias. Ela recebeu alta do Hospital
São Rafael, em Salvador, na sexta-feira (21). Ela sofreu um ataque
isquêmico cerebral, o que gerou redução do fluxo de sangue nas artérias
do cérebro, segundo boletim médico.
De acordo com informações de Edson Nascimento, amigo da família, Dona
Canô pediu um vestido novo e branco para deixar o hospital. Foi com ele
que ela foi vestida para a casa, acompanhada da filha Mabel. Maria
Bethânia acompanhou a transferência da mãe em outro carro.
A matriarca teve oito filhos. Em outubro de 2011, Dona Canô perdeu a
filha adotiva Eunice Veloso, aos 83 anos, que morreu com insuficiência
respiratória. O filho famoso, o compositor Caetano, completou 70 anos em
agosto deste ano. Em dezembro, a matriarca da família assistiu ao show
da nova turnê da filha Maria Bethânia, no Teatro Castro Alves.
No dia 16 de setembro de 2012, Dona Canô completou 105 anos e, como
tradicionalmente fazia, reuniu amigos e a família em missa e comemoração
em casa, na cidade de Santo Amaro. Estiveram na festa os filhos Caetano
Veloso e Maria Bethânia e a amiga Regina Casé. Quem celebrou a missa
foi o padre Reginaldo Manzotti.
Biografia
Nascida em 16 de setembro de 1907, Claudionor Viana Teles Veloso
construiu sua história no Recôncavo Baiano, no município de Santo Amaro
da Purificação. Os filhos biológicos são Clara, Roberto, Caetano,
Bethânia, Rodrigo e Mabel. Dona Canô adotou as filhas Irene e Nicinha.
Era viúva de “Seu Zeca”, que morreu em 1983, com 82 anos.
Conhecida por sua personalidade forte e receptividade, Dona Canô
participava sempre da tradicional Festa de Reis em Santo Amaro, que
reúne milhares de pessoas em toda região. A celebração de seus
aniversários também se tornou um marco, atraindo muitas pessoas para a
festa.
Dona Canô em 2008, quando completou 101 anos
(Foto: Edgar de Souza/G1)
Dona Canô sempre aparecia vestida toda de branco em seus aniversários.
Quando completou o centenário, a missa foi celebrada pelo então
arcebispo primaz do Brasil, cardeal Dom Geraldo Majella. De Dom Geraldo,
Dona Canô recebeu a imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida.
Depois das comemorações em Santo Amaro, Dona Canô foi para um hotel
festejar os 100 anos. Ela foi recebida pela família e pelos amigos mais
próximos. O então ministro da Cultura, Gilberto Gil, entregou à Dona
Canô uma carta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em julho de
2011, Lula visitou pessoalmente Dona Canô em Santo Amaro.
Atrás da aparência frágil, com um corpo miúdo e fala mansa, Dona Canô
escondia a longevidade de poucos e a saúde considerada “de ferro”. Ela
repetiu em diversas oportunidades que era dona de uma fama que sempre
disse não entender o motivo, referindo-se ao intenso interesse da
imprensa sobre ela e sua vida em Santo Amaro da Purificação.
Autêntica e mãe de dois grandes nomes da Música Popular Brasileira,
Dona Canô se tornou um símbolo não só de Santo Amaro, como do Recôncavo
Baiano. Sempre lutou para melhorar a cidade e acolheu os moradores como
uma mãe.
Fachada da casa de Dona Canô em Santo Amaro
(Foto: Egi Santana/G1)
O sobrado de número 179, no centro de Santo Amaro, se tornou um dos
pontos turísticos do município. A casa onde residiu Dona Canô e a
família Veloso sempre esteve com as portas abertas para baianos e
turistas.
No casarão antigo, as paredes são cobertas de fotografias e histórias
dela e de toda família. Fotografias com o ex-presidente da república
Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-senador Antônio Carlos Magalhães ganham
destaque na parede da sala.
Nas entrevistas que dava para a imprensa, Dona Canô costumava destacar a
felicidade que sentia ao poder ter vivido o suficiente para acompanhar o
crescimento dos filhos e netos, tendo até conhecido os bisnetos. Sua
lucidez a acompanhou até os últimos dias de vida.
Ativa, era sempre Dona Canô quem cuidava das contas de casa e decidia o
cardápio na cozinha. Também sempre foi muito conhecida pela vaidade.
Foi uma mulher marcada pela religiosidade. Em casa, guardava há anos
várias imagens religiosas. A maioria foi dada por amigos e até por
desconhecidos. Foi com a ajuda da matriarca que a festa de Nossa Senhora
da Purificação transformou-se em um evento famoso na Bahia.
Uma das principais comemorações de aniversário foram os 100 anos de
Dona Canô em 2007. O dia foi de flores, presentes e visitas de amigos e
dos filhos. Na igreja de Nossa Senhora da Purificação, foi realizada uma
missa em homenagem à matriarca. A imagem peregrina de Nossa Senhora
Aparecida foi levada de São Paulo especialmente para a ocasião. A
matriarca dos Veloso ficou pouco tempo na igreja, porque se
emocionoubastante. Maria Bethânia cantou "Romaria" em homenagem à mãe e
assim que terminou a música, abraçou Dona Canô.
Sobre a história construída nos 105 anos de vida em Santo Amaro, Dona
Canô disse em entrevista este ano que não conseguia esquecer de quando
passeava com os amigos nas usinas de açúcar da cidade. “A cidade
cresceu, as coisas ficaram longe, os bondes eram importantes”, contou ao
G1 no mês de setembro.
Fonte: G1 Globo.com